sábado, 6 de novembro de 2010

Caminho Sem Volta

Num primeiro momento poderá parecer que estou sendo repetitivo, mas logo verão que não é assim. Digo isso porque vou tratar da violência que assola nosso país e de forma geral toda humanidade. O velho direito constitucional de ir e vir está a muito ameaçado em nosso país, sobretudo, mas não exclusivamente nas grandes capitais. Temos medo de quase tudo que demande sair de casa: ir para o trabalho diariamente, ir à escola, ir ao mercado, ir à padaria, ir ao cinema, ir ao cemitério – isso mesmo; por exemplo; aqui no Rio de Janeiro temos um dos maiores Cemitérios da América Latina onde é comum os assaltos quando após enterrar nossos entes queridos retornamos até a portaria ou área das capelas – soube de um caso e testemunhei outro pessoalmente em 2006 quando lá estive pela última vez. Ter esperança numa ação efetiva do Estado seria utópico, pois não vemos nada que aponte neste sentido, muito pelo contrário. Temos medo de muitos que representando o Estado nos abordam nas ruas – quem ainda não sofreu uma tentativade acharque ou estorsão? Por este caminho não vemos luz. Então, nós que temos fé e cremos num criador nos perguntamos até onde nos levará esse comportamento generalizado? Será que teremos que acreditar nos agorentos apocalípticos que pregam o final dos tempos como se Deuses fossem? Pois bem, vamos refletir um pouco sobre esta questão. Trabalhei em uma diocese do Rio de janeiro cujo bispo, um homem de projeção internacional participa de diversos foruns de pensadores pelo mundo afora. Num destes foruns que aconteceu em um navio no em pleno mar negro foi posto em pauta a questão que coloco aqui. A violência exacerbada da humanidade e a escasses de comida para suprir a demanda crescente dos povos. Em conversa reservada com o clero daquela igreja que eu era membro, o bispo revelou o que repercutiu naquele encontro como quase um concenso. Dias virão que o homem se dará conta de que somente uma parada estratégica poderá salvá-lo. Será uma questão de sobrevivência. Muitos se perguntarão; o que eu fiz para contribuir para este estado de coisas? Subjuguei, paguei maus salários, discriminei, escondi a verdade, incentivei o analfabetismo coletivo, corrompi, me deixei corromper, etc, etc, etc... Já temos visto a angústia de muitos ricos que se encontram enjaulados em suas mansões ou condomínios de luxo “protegidos” por grandes grades de aço, cães e seguranças bem pagos, mas privados de um dos direitos fundamentais de qualquer cidadão – ir e vir – pois ao deixarem seus “cercados” serão por certo presas fáceis dos marginalizados da sociedade. Haverão então que rever suas posturas diante dos milhares e milhares de excluídos pelo mundo. Terá que ser implantada a cultura da inclusão solidária e sistemática em todos os níveis. Estados ricos olhando para estados ditos do terceiro mundo (esta expressão nunca ficou bem clara para mim – sempre acreditei na existência de um único mundo e não primeiro segundo terceiro ou quarto mundo...), governos até então corruptos e incensíveis olhando para o povo como princípio e fim de tudo, ações individuais visíveis de solidariedade para com os agora irmãos. Em fim, se todos fossemos crentes em Deus, diríamos que o seu reino finalmente foi implantado no meio de nós para usar uma expressão bíblica bastante conhecida de todos. Eu, caro leitor posso lhe parecer um verdadeiro idiota, mas creio nesta possibilidade até porque, não vejo outra saída. Quantas gerações terão que esperar; isso não nos é possível prever. Oxalá, nossos filhos ou os filhos dos nossos filhos percebam sinais claros destas mudanças. Por ora cabe uma boa dose de prudência em saber escolher onde, quando e como ir e vir – o que é inevitável pois ainda estamos vivos!